Em 26 de fevereiro de 2020, o Ministério da saúde confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. O primeiro caso, recebido no Hospital Albert Einstein, foi verificado em um homem de 61 anos de idade, que havia viajado para a Itália[i]. Desde então, o vírus se espalhou de forma acelerada pelo território brasileiro. Após cinco meses da confirmação do primeiro caso no Brasil, o Covid-19 já estava presente em 98% das cidades brasileiras. Trata-se de uma contaminação rápida e de difícil controle. [ii]
As tentativas de conter o vírus e a sua “curva” de contaminação envolveram a implementação de medidas de isolamento social: o fechamento de comércios, restrições quanto ao uso do transporte público e a limitação das aulas presenciais, por exemplo, foram algumas das determinações das autoridades públicas. As precauções com o espraiamento do vírus e as regras de isolamento social, todavia, impactaram drasticamente na atividade econômica. Houve um impacto severo sobre o consumo, investimento e sobre o emprego e a renda. Em diversos países, a crise econômica causada pelo Covid-19 foi uma das mais graves já registradas.
No Brasil, há indicadores que podem mensurar o impacto que a crise do Covid-19 ocasionou na economia, como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, divulgado desde maio de 2010. O IBC-Br, que mede a evolução da atividade econômica nacional, a partir de uma periodicidade mensal, é particularmente útil para descrever o comportamento geral da economia brasileira.
Figura 01 – Evolução do Índice de Atividade Econômica do Banco Central: Out/2019 – Mai/20 (2012=100)
Fonte: Elaboração própria a partir de BCB
A evolução do IBC-Br demonstra uma queda dramática da atividade econômica. Nota-se que, entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020, o IBC-Br se mantém relativamente estável. Entretanto, entre fevereiro de 2020 e abril de 2020, o índice sofre uma diminuição violenta, sinalizando que a pandemia produziu efeitos desastrosos sobre a atividade econômica. Em maio, no último mês em que o IBC-Br foi divulgado, há um esboço de recuperação, ainda que pouco perceptível. Espera-se que, a partir do controle da epidemia, os níveis de atividade econômica voltem a se normalizar, ainda que vagarosamente. Há de se apontar, contudo, para as imensas dificuldades de uma recuperação da atividade econômica. Investimentos postergados, compras canceladas e empregos perdidos são elementos que dificultam a recuperação da atividade. Trata-se de uma crise grave, cujos desdobramentos negativos puderam ser verificados sobre as mais diversas esferas da economia e da sociedade. Frente a esse cenário adverso, cabe ao governo a elaboração de um programa urgente de retomada do emprego, da renda e das obras públicas. Sem uma retomada vigorosa dos investimentos públicos e privados, a economia brasileira estará condenada a um ano perdido.
Tomás Pernías é formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Professor da UNIFACP, é também mestre e doutorando pelo Instituto de Economia da UNICAMP, no programa de Desenvolvimento Econômico.
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